O aumento de metano foi atribuído ao descongelamento do permafrost

Uma vasta emissão de metano foi avistada no mar da Sibéria Oriental. Oriundas do fundo do mar, as bolhas de metano davam impressão de que o mar estava fervendo. É este o relato de pesquisadores da Universidade Politécnica de Tomsk, da Rússia, que realizam uma expedição científica na região.
O aumento de metano foi atribuído ao descongelamento do permafrost, que vem reconhecidamente contribuindo para o aumento das temperaturas na Sibéria. O permafrost é o tipo de solo congelado encontrado na região do Ártico, que, por sua vez, está esquentando duas vezes mais rápido que o resto do planeta. Com isso o gelo marinho e a neve da Sibéria vêm recuando.
A expedição russa, composta por 80 cientistas, busca justamente investigar os impactos biogeoquímicos e ambientais do degelo do permafrost. Não é a primeira vez que se detecta as “bolhas” causadas pelo metano, inclusive, trouxemos na capa a foto do lago Abraham no Canadá, famoso exatamente por isso. Infelizmente, a equipe da expedição russa não divulgou fotos do que encontrou na Sibéria.
“Vendo com os próprios olhos”
Mesmo sem o registro, fica claro pelos relatos que a poderosa concentração deste gás foi realmente impressionante.
“Esta é a fonte mais poderosa que eu já vi. Isso resulta de um aumento na concentração de metano no ar em até 16 ppm, o que é 9 vezes mais que os indicadores planetários médios. Ninguém nunca registrou isso antes”, afirmou o cientista Igor Semiletov, chefe da expedição, que já realizou 45 expedições no Ártico.
O jornalista Sergey Nikiforov também compartilha a emoção do ocorrido, confira abaixo um trecho do seu relato:
“Operadores sísmicos e acústicos registraram uma fonte poderosa. No entanto, registrar esse fenômeno com o equipamento é uma coisa e ver com os próprios olhos a emissão de metano na superfície da água é outra. Independentemente da precisão do equipamento, mostrando as coordenadas de uma fonte de gás, é extremamente difícil encontrá-la no mar. É como procurar uma agulha no palheiro. No entanto, a expedição teve sucesso! Perto do navio, eles conseguiram encontrar uma mancha de cor esmeralda no fundo da água escura. Ao se aproximar, os pesquisadores foram capazes de observar como o gás sobe das profundezas negras do mar para a superfície com milhares de bolhas”.
Por que devemos nos preocupar?
A camada de gelo do permafrost foi formada durante milhares de anos e, portanto, ele guarda restos orgânicos e gases conhecidos por causarem o Efeito Estufa, como é o caso do metano. Seu derretimento aumenta a emissão de tais gases, acelera o aquecimento global e coloca o planeta em risco climático.
Foto da capa: Bolhas de metano no lago Abraham no Canadá. | Crédito: Jeff Wallace/Flickr