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Cientistas desvendam mecanismo de autolimpeza da atmosfera terrestre

Equipe identificou método inédito de produção de hidróxido (OH), molécula que ajuda na remoção de gases poluentes como dióxido de enxofre (SO2) e óxido nítrico (NO)


Por Redação Galileu



Atmosfera terrestre apresenta mecanismo de autolimpeza, segundo estudo - Zoltan Tasi/Unsplash


Uma pesquisa publicada no último dia 3 de abril na revista Proceedings of the National Academy of Sciences revela que a atmosfera da Terra tem um mecanismo de autolimpeza contra poluentes emitidos pelos seres humanos.


Antes, os pesquisadores assumiam que a luz solar era o principal fator de formação de uma molécula chamada hidróxido (OH), que reage com os poluentes e gases de efeito estufa, evitando que continuem se agregando.


A nova pesquisa mostra, porém, que um forte campo elétrico na superfície entre as gotículas de água transportadas pelo ar e o ar circundante na atmosfera pode criar OH por um mecanismo antes desconhecido.


“OH é um jogador-chave na história da química atmosférica”, afirma Christian George, químico atmosférico da Universidade de Lyon, na França, e principal autor do estudo, em comunicado. “Ele inicia as reações que decompõem os poluentes atmosféricos e ajuda a remover da atmosfera substâncias químicas nocivas, como dióxido de enxofre (SO2) e óxido nítrico (NO), que são gases venenosos.”


De acordo com Sergey Nizkorodov, professor de química da Universidade da Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, antes acreditava-se ser necessária luz solar ou metais atuando como catalisadores do processo de produção do OH. “O que esse artigo diz basicamente é que você não precisa de nada disso”, resume. “Na própria água pura, OH pode ser criado espontaneamente pelas condições especiais na superfície das gotículas”.


O novo estudo, financiado pelo Conselho Europeu de Pesquisa, envolveu pesquisadores da Universidade Claude Bernard, da França, da Universidade de Tecnologia de Guangdong, na China, e do Instituto Weizmann, em Israel.


A equipe se baseou em pesquisas de cientistas da Universidade Stanford, liderados por Richard Zare, que relataram a formação espontânea de peróxido de hidrogênio (H202) nas superfícies das gotículas de água.


O novo trabalho usou medidas das concentrações de OH em diferentes frascos, sendo que alguns continham água e ar, enquanto outros tinham apenas água. Os pesquisadores rastrearam a produção da molécula no escuro utilizando outra molécula que fluoresce quando reage com o OH.


Com isso, a equipe notou que as taxas de produção na escuridão se assemelhavam e até excediam as taxas geradas por fatores como a exposição à luz solar. “À noite, quando não há fotoquímica, o OH ainda é produzido e é produzido em uma taxa mais alta do que aconteceria de outra forma”, observa Nizkorodov.


De acordo com o pesquisador, os resultados podem mudar modelos de computador que tentam prever como a poluição do ar acontece. Mas será preciso enfrentar ceticismo antes que isso seja possível. “Muitas pessoas lerão isso, mas inicialmente não acreditarão e tentarão reproduzi-lo ou tentarão fazer experimentos para provar que isso está errado”, prevê Nizkorodov.


O próximo passo é realizar experimentos na atmosfera real em várias partes do planeta, segundo o especialista. Primeiro, a equipe espera que os resultados causem impacto na comunidade de pesquisa atmosférica.

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