Transformações na Antártida afetam clima e baleias no Brasil
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- há 5 dias
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Fonte: DW Brasil

A Antártida, conhecida por seus invernos rigorosos e isolamento extremo, tem surpreendido a comunidade científica com o rápido derretimento do gelo marinho em suas bordas. Nos últimos anos, o continente tem registrado recordes de perda de área congelada, como em 2023 e 2024, quando o gelo atingiu níveis historicamente baixos. Jefferson Simões, pesquisador da UFRGS, destaca que o aquecimento das águas oceânicas é um dos principais fatores por trás dessa redução e alerta que os impactos da Antártida já são sentidos no Brasil, especialmente no aumento da intensidade das tempestades extratropicais. O continente, embora distante, influencia diretamente o clima da América do Sul e de outros continentes do Hemisfério Sul.
Além do derretimento, a pesca predatória de krill — um pequeno crustáceo essencial na cadeia alimentar antártica — agrava a crise ambiental. Com menos gelo para protegê-lo, embarcações têm se aproximado de áreas antes inacessíveis, colocando em risco a alimentação de espécies como baleias, focas e pinguins. Cientistas e organizações pedem o fechamento do oceano Antártico à pesca de krill, mas enfrentam resistência de países como China e Rússia, que bloqueiam a criação de áreas marinhas protegidas. A escassez do krill também ameaça o turismo de observação de baleias no litoral brasileiro, já que esses animais migram anualmente à Antártida em busca de alimento.
O Brasil tem papel ativo na pesquisa polar por meio do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), com presença contínua desde 1984. Em uma recente expedição internacional, liderada por Jefferson Simões, cientistas investigaram o aumento da temperatura e acidez no oceano Austral — consequências da absorção de CO₂ e do derretimento das geleiras. Esses processos afetam a salinidade e a circulação oceânica global, impactando o clima brasileiro. Pesquisas da UFRGS também revelaram a presença de poluentes industriais na Antártida, como urânio e arsênio, vindos de atividades humanas distantes. Para os especialistas, proteger a Antártida é tão urgente quanto preservar a Amazônia, pois ambos são pilares fundamentais da estabilidade climática do planeta.
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