Fonte: Um Só Planeta
Um estudo publicado na Nature Climate Change analisou os impactos combinados de secas e aquecimento global sobre anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas), com foco em regiões como Amazônia e Mata Atlântica, que abrigam a maior diversidade dessas espécies. Coordenado por pesquisadores brasileiros e internacionais, o estudo indica que entre 6,6% e 36% dos habitats de anuros podem enfrentar condições mais áridas até 2100, dependendo do cenário de emissões de gases de efeito estufa. Em cenários mais extremos, secas prolongadas e aumento de temperatura podem reduzir significativamente o tempo de atividade dos anfíbios, comprometendo alimentação e reprodução.
Os anuros, altamente sensíveis à perda de água devido à pele permeável, enfrentam condições adversas que podem dobrar suas taxas de perda hídrica e limitar seu tempo fora dos abrigos. Essa combinação de calor e aridez afeta diretamente a viabilidade populacional, especialmente em regiões tropicais. Simulações mostraram que a atividade desses animais pode ser reduzida em até 26% em cenários mais críticos. Além disso, o estudo utilizou um extenso banco de dados de projeções climáticas e características naturais dos anuros, destacando a importância de estratégias comportamentais e fisiológicas para mitigar os impactos.
Os pesquisadores agora investigam se algumas espécies possuem plasticidade suficiente para se adaptar rapidamente a ambientes mais áridos ou se poderiam evoluir ao longo de milhares de anos para lidar com essas mudanças. As descobertas podem ajudar a refinar modelos de previsão de extinções e orientar esforços de conservação. No entanto, as espécies enfrentam três possibilidades: migração, adaptação ou extinção, e o futuro da biodiversidade global dependerá da capacidade de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
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