Brasil pode zerar emissões até 2040, diz Carlos Nobre
- Tempo de Aprender em Clima de Ensinar
- 8 de mai.
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Fonte: Um Só Planeta

O cientista Carlos Nobre afirma que o Brasil tem plenas condições de zerar suas emissões de gases de efeito estufa até 2040, desde que adote medidas estruturais como uma matriz energética 100% limpa, agricultura neutra em carbono, restauração de ecossistemas em grande escala e uso adequado da terra. Durante palestra na 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, Nobre destacou que o país poderia remover até 600 milhões de toneladas de CO₂ por ano a partir dessa data, tornando-se um exemplo global em sustentabilidade. Além de mitigar as mudanças climáticas, essas ações teriam impactos positivos diretos na saúde pública, reduzindo mortes causadas por poluição urbana.
No entanto, Nobre alertou que o Brasil ainda é um dos maiores emissores do mundo, com uma média de 11 toneladas de CO₂ por pessoa ao ano em 2022. Embora haja avanços recentes, como a meta de zerar o desmatamento até 2030 e restaurar milhões de hectares, o uso continuado de combustíveis fósseis e a agropecuária de alta emissão ainda representam um grande obstáculo. Sem ações mais contundentes, os riscos incluem o branqueamento de corais — que ameaça 25% da biodiversidade oceânica — e a liberação de bilhões de toneladas de metano e CO₂ com o descongelamento do permafrost, intensificando drasticamente o aquecimento global.
A situação da Amazônia é particularmente crítica: já há regiões que passaram de sumidouros a emissores de carbono, especialmente no sul da floresta. O aumento da seca, agravado por El Niño e pelo aquecimento do Atlântico, já estende o período seco em semanas e eleva a mortalidade das árvores. Isso compromete os "rios voadores", essenciais para a chuva em várias partes do país. Nobre alerta que, se o desmatamento atingir entre 20% e 25% e o aquecimento global alcançar 2,5 °C, até 70% da Amazônia pode se tornar um ecossistema degradado, semelhante a uma savana empobrecida. O cientista defende que a adaptação urbana e a justiça climática são fundamentais para preservar os biomas e garantir um futuro sustentável.
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